quinta-feira, 21 de maio de 2009

A acção humana é liberdade condicionada

A acção humana é liberdade condicionada

Que limites encontra o homem a sua acção?

O condicionamento da liberdade pela vida é, pois, triplo: condicionamento psicobiológico, “naturalização” da liberdade, pois esta não é a despedida da natureza, mas surge precisamente da natureza; condicionamento pela situação; agora já não esta nas minhas mãos dar a vida uma orientação perfeitamente possível a vinte anos. A situação concreta rouba-nos uma porção de possibilidades e impõe-nos um conjunto de deveres evidentes. Cada homem poderia ter sido muito diferente do que é, mas passou já a oportunidade para que tal acontecesse. E finalmente, em terceiro lugar, condicionamento pelo habitus. Os hábitos que contraímos restringem a nossa liberdade, impelem-nos para estes ou aqueles actos.
A natureza, o hábito e a situação reduzem de modo triplo a nossa liberdade actual, não podendo chegar a anulá-la. A liberdade está inscrita na natureza, mas em maior ou menor medida – nem todos os homens dispõem de igual força de vontade – transcende-a sempre. E é justamente neste ser “transnatural” que consiste ser homem.
As nossas decisões são sempre condicionadas. A existência destas condicionantes pode ser constata quando observamos a semelhança de certos comportamentos entre os seres humanos e algumas espécies de animais, ou quando comparamos os indivíduos de diferentes épocas, culturas, condições sociais, etc. As semelhanças e diferenças de comportamento que observamos são em grande medida explicáveis pelos factores que condicionam a acção dos indivíduos do mesmo grupo ou espécie.
Inúmeros factores de natureza biológica, histórica, social, cultural e outros que influenciam de forma mais ou menos evidente o nosso comportamento e as nossas decisões.


Condicionantes Orgânicas
O corpo situa o homem na natureza como um ser fisico-biológico, sofrendo em virtude deste facto todo o tipo de influências físicas.
Toda a acção humana é, em geral, condicionada pelos mecanismos fisiológicos do nosso sistema nervoso, glandular, etc. O nosso organismo fornece-nos a energia psicossomática necessária para agirmos, mas também determina a forma como agimos e reagimos aos estímulos do mundo exterior. Estes determinismos biológicos embora não controlem totalmente o comportamento humano, não deixam de impor certas predisposições para a acção, nomeadamente quando se trata de acções decorrentes de motivações básicas: sobrevivência, auto-conservação, procura do prazer ou a fuga à dor.

Condicionantes Culturais
Quando comparamos os seres humanos com os outros seres, aquilo que desde logo se destaca é a sua enorme capacidade de adaptação às mais diversas situações, seja modificando o comportamento, seja alterando o próprio meio. Nesta adaptação a enorme capacidade de aprendizagem humana desempenha em todo o processo uma função essencial.
É característico da natureza humana a sua capacidade de integração às mais variadas sociedades e grupos sociais, onde adopta desde nascença as suas normas, valores e comportamentos específicos. É por esta forma que os seres humanos se diferenciam entre si, condicionados pelos padrões culturais que encontram quando nascem.

Determinismos e Liberdade
Baseados na existência de uma enorme multiplicidade de factores condicionantes da acção humana, alguns filósofos negaram a existência da liberdade humana. As As nossas acções são sempre determinadas por causas que nos transcendem e sobre as quais não temos qualquer poder. A liberdade é pois uma ilusão. Não sou eu que escolho, mas um conjunto de circunstâncias que escolhem por mim.
Apesar de reconhecermos todas estas influências, temos igualmente que admitir que o homem possui sempre alguma margem de liberdade nas suas acções. Não podemos pois falar de actos mecânicos de resposta a estímulos, mas de acções livres. As suas decisões implicam quase sempre escolhas entre uma multiplicidade de opções possíveis.
As nossas decisões são pois indissociáveis da nossa liberdade, assim como da responsabilidade moral ou jurídica das suas consequências.
Professora: Diana Tavares
Aluna: Andreia Almeida

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